Entrevista com Dionete Santin enga. Agrônoma formada pela ESALQ-USP Mestre em Botânica e doutorado sobre a Vegetação remanescente do Município de Campinas, pela Unicamp. Atualmente pesquisadora do Nepam – Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp. Coordenadora da Comissão Consultiva de Arborização de Campinas. Participo das discussões sobre a Agenda 21 em Campinas.
Meio Ambiente – Uma responsabilidade de todos nós
J.Local – Qual era a área total de mata natural no início da povoação dos distritos?
Estima-se que todo município era recoberto por vegetação de floresta entremeada de manchas de cerrado, de onde deriva o nome Campinas do Mato Grosso. O Mato Grosso significa as matas e as Campinas uma variação da fisionomia do cerrado composta predominantemente por capim barba-de-bode. A região de Sousas e Joaquim Egídio era toda recoberta por Floresta Estacional Semidiecidual, montana nos locais de maior altitude e sub-montana nas altitudes intermediárias entre o Pico das Cabras e as partes mais planas dos Distritos. No meio dessas florestas ocorria com maior freqüência sobre afloramento de rochas a Vegetação Rupestre dos Lajedos Rochosos.
J.Local – E qual é a área hoje?
Foram registrados 879 ha de florestas o que corresponde a 43% da cobertura vegetal do município – na APA. Campinas tem 2033 ha o que equivale a 2,5 %.
J.Local – Qual a quantidade de árvores que estão sendo plantadas para repor a mata ciliar?
A ocupação inicia com a concessão de sesmarias cujas demarcações datam de 1715 a 1796. As mesmas foram se transformando em fazendas com cultivo de cana até por volta de 1838. Existem registros de introdução de café em 1807 e a expansão do cafezal é marcada em 1830 e foi até 1929. Outras culturas, frutas e pastagens também ocorreram, alem da urbanização.
J.Local – Em relação às rochas que estão sendo retiradas pela Petrobrás em Joaquim Egidio para a construção dos gasodutos e a exploração dos eucaliptos, das pedras naturais que estão sendo comercializadas; qual o impacto ambiental que causa na região?
Normalmente essas retiradas só podem ser feitas após estudos e autorizações. Acredito que haja, mas não tenho envolvimento com esse trabalho. Toda exploração se feita de forma criteriosa reduz de forma drástica os danos ao meio.
J.Local – Qual sua opinião sobre as enchentes que ocorrem na região desde 1940?
As enchentes se devem à ocupação da área e também ao relevo da APA. As ocupações das faixas marginais aos córregos e rios tanto por residências, comércio e estradas não deveriam acontecer nem na APA e nem em qualquer outro local. De forma natural, toda água recebida nas partes mais altas descem para as partes mais baixas.As áreas de preservação permanente e de várzeas são os locais onde a água procura naturalmente para transbordar quando a calha do rio está cheia. Portanto, o local de extravasamento da água está correto a localização das edificações e estradas que não respeitam essa situação é que não está correta. Contribuem para esse fator todos os revolvimentos de terras sem medidas para evitar o assoreamento dos cursos d´agua, mineração,a impermeabilizaçao de solos e a falta de medidas de compensação, entre outros.